Um grupo de dirigentes petistas encabeçado por parlamentares mas que conta com apoio de setores das mais diversas correntes internas deve apresentar ao Diretório Nacional do partido, que se reúne neste sábado (20) em Brasília, uma proposta de resolução política que obriga o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) a deixar o cargo de coordenador da comissão de reforma política da Câmara.
De acordo com integrantes deste grupo, Vaccarezza será procurado antes do início da reunião para renunciar voluntariamente ao posto. Do contrário a proposta será encaminhada para votação do Diretório Nacional.
O deputado deve ser o centro dos debates na reunião deste sábado.
Ele foi indicado pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN),
contrariando a bancada petista, que preferia a indicação de Henrique Fontana
(PT-RS). Desde então Vaccarezza tem emitido opiniões contrárias à do partido
como, por exemplo, defender que a reforma política valha somente a partir da
eleição de 2018, enquanto o PT e a presidente Dilma Rousseff querem que a
mudança entre em vigor já em 2014.Vaccarezza tem emitido opiniões contrárias a do
partido
A proposta tem apoio das correntes de esquerda, da Mensagem e
setores da majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB).
Alas mais à esquerda do PT querem que o Diretório Nacional aprove também uma
resolução na qual o partido feche questão sobre a reforma política. A ideia é
desautorizar qualquer militante do PT a apoiar propostas que não sejam a da
direção do partido e de Dilma composta por quatro pontos: financiamento público
de campanhas, voto em lista para parlamentares, aumento da participação de
mulheres nas disputas eleitorais e a realização de um plebiscito sobre a
reforma.Quinta-feira 28 dos 80 deputados federais do PT assinaram um manifesto contra Vaccarezza no qual classificam como "conservadora" participação do petista na comissão da Câmara. Em conversas internas os adversários internos do deputado dizem que ele está jogando contra o PT e o governo e a favor do PMDB.
Ontem Vaccarezza respondeu com uma nota na qual acusa os adversários de transformarem a questão em "arena para disputa política" e se diz favorável à realização do plebiscito. O iG informou que a indicação do petista para a comissão da Câmara tem apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Setores minoritários do PT defendem que o partido abandone a comissão, hoje representada por Vaccareza e Ricardo Berzoini (PT-SP). "Participar desta comissão é um tiro no pé. O PMDB sempre jogou contra a reforma política desde o vice-presidente (Michel Temer) até os líderes do partido no Congresso", disse o secretário nacional de Movimentos Populares, Renato Simões, candidato a presidente do PT com poucas chances de ser eleito.
A irritação com Vaccarezza é grande. Algumas lideranças chegaram a cogitar que um dossiê sobre o deputado fosse apresentado ao Diretório Nacional. O documento, elaborado pelo PT de Campinas, lembra outros casos em que Vaccarezza teria "jogado contra" o partido como, por exemplo, quando ele indicou pessoas de seu grupo para cargos no governo provisório de Pedro Serafim (PDT), que comandou a derrubada do petista Demétrio Vilagra na Câmara Municipal. "Isso é para somar a outros incômodos que ele em causando", disse o presidente do PT de Campinas, Ari Fernandes.
O deputado argumentou, na época, que o PDT é um partido que o PDT é um aliado histórico do PT. A expectativa é que a aguardada fala de Vaccarezza seja um dos pontos altos da reunião do Diretório Nacional.
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