São Paulo - O dólar ampliava o avanço e subia cerca de 2 por cento nesta quinta-feira, chegando a bater em 3,57 reais, reagindo ao cenário político conturbado no Brasil e a expectativas de alta de juros nos Estados Unidos.
Às 13:11, o dólar avançava 1,84 por cento, a 3,5532 reais na venda, sexta sessão consecutiva de alta. Na máxima do dia, a divisa atingiu 3,5709 reais, maior patamar intradia desde 5 de março de 2003, quando foi a 3,5800 reais.
"Com o dólar do jeito que está, é preciso que haja uma notícia muito forte para o mercado parar de subir", disse o superintendente de câmbio da corretora Tov, Reginaldo Siaca.
Pesquisa Datafolha mostrou nesta quinta-feira que a impopularidade da presidente Dilma Rousseff é recorde entre todos os presidentes desde 1990 e dois terços da população acreditam que o Congresso deveria abrir processo de impeachment contra a petista.
Nenhum dos operadores consultados pela Reuters nesta sessão trabalha com o cenário de afastamento da presidente como base, mas o mercado já embute alguma chance de isso se concretizar, segundo eles. Somava-se a isso outras turbulências políticas, com atritos entre o Legislativo e o Executivo gerando entraves para a aprovação de projetos importantes para o governo no Congresso.
"Eles (Congresso) estão atropelando a Dilma", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "Enquanto a situação estiver confusa como agora, o dólar não vai parar de subir".
A rebeldia da base aliada também tem atraído a atenção dos operadores. Na noite passada, PDT e PTB anunciaram independência em relação ao governo na Câmara dos Deputados, deixando a base aliada e ampliando as dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma no relacionamento com o Legislativo.
A perspectiva de que os juros norte-americanos podem subir no mês que vem também tem contribuído para elevar o dólar globalmente. Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados no mercado local.
Por isso, operadores aguardavam a divulgação da geração de vagas no mercado de trabalho norte-americano, na sexta-feira, para calibrar suas apostas sobre a política monetária da maior economia do mundo.
"O cenário interno é o que está chamando atenção agora, mas no médio prazo, independentemente do que acontecer aqui, o dólar vai subir", afirmou o operador de uma corretora internacional.
A Bradesco Corretora elevou nesta manhã suas projeções para o câmbio no Brasil, estimando dólar a 3,60 reais no fim deste ano e 3,90 reais no fim de 2016, contra 3,25 e 3,40 reais, respectivamente.
Diante da escalada da moeda, já há quem acredite em maior intervenção do Banco Central. Carvalho, da BGC, espera que o BC dê alguma sinalização após o fechamento desta sessão, possivelmente aumentando a oferta de swaps cambiais, equivalentes a venda futura de dólares, para rolagem.
Pela manhã, o BC deu continuidade à rolagem dos contratos que vencem em setembro, vendendo a oferta total de até 6 mil contratos. Ao todo, a autoridade monetária já rolou o correspondente a 1,167 bilhão de dólares, ou cerca de 12 por cento do lote total, equivalente a 10,027 bilhões de dólares.
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