Os cinco melhores alunos da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) do ano passado, selecionados entre 100 mil estudantes do ensino médio, representarão o país, a partir de segunda-feira (28), na 7ª Olimpíada Latino-americana de Astronomia e Astronáutica (Olaa), que ocorrerá no Rio de Janeiro até 4 de outubro. A abertura oficial do evento será no Planetário da Gávea, onde os estudantes farão a primeira prova prática de reconhecimento do céu.
As delegações chegarão ao país no domingo (27) e ficarão hospedadas em um hotel no Flamengo, na zona sul da cidade. A Olaa ocorrerá também no município de Barra do Piraí, centro-sul do estado. Participam representantes da Argentina, do Paraguai, Uruguai, Chile, da Bolívia, Colômbia e do México, informou o presidente do evento, o astrônomo João Batista Garcia Canalle, professor do Instituto de Física da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ele disse esperar que, em breve, o Peru, a Venezuela, Nicarágua e o Panamá criem suas olimpíadas nacionais e, a partir daí, formem equipes para concorrer na etapa latino-americana.
A Olaa tem provas teóricas individuais e em grupos de três alunos de países diferentes. Isso serve, ressaltou Canalle, para mostrar a eles que ciência se faz de forma coletiva e multinacional. “Já é um primeiro recado que eles acabam aprendendo: discutir suas ideias para resolver um problema, falando línguas diferentes”. Há uma prova individual de reconhecimento do céu dentro de um planetário e uma prova de céu real, “onde se aponta para dez estrelas e o aluno tem que escrever o nome delas”. A prova de céu real envolve o manuseio de telescópio. Outra prova em grupo, também multinacional, visa à construção de uma base de lançamento de foguetes, além do próprio foguete, e a simulação do lançamento. Tudo é feito com garrafas Pet. São concedidos prêmios para estimular os estudantes a se empenhar mais.
Na última edição da Olaa, no Uruguai, os estudantes brasileiros conquistaram três medalhas de ouro e duas de prata, o prêmio especial de Melhor Prova Individual por terem gabaritado os exames, premiação especial de melhor prova em grupo e de foguetes, além do título de melhor companheira da olimpíada para a aluna de Vitória (ES) Carolina Lima Guimarães. “Foi a equipe mais premiada de todas as seis olimpíadas latino-americanas”. O Brasil sempre foi líder da Olaa, disse o coordenador do evento, o astrônomo Eugênio Reis Neto. “Sempre ficou bem colocado. Sempre foi um dos melhores, senão o melhor time, da [olimpíada] latino-americana”.
Reis Neto admitiu que o bom resultado apresentado pelos alunos brasileiros estimula outros estudantes do ensino médio a entender melhor e a gostar mais das ciências. “São um exemplo para os demais. Eles já são naturalmente estudiosos, não foram selecionados à toa”. Canalle acrescentou que conhecendo mais de perto o que faz um astrônomo, fica mais fácil para o aluno decidir se seguirá ou não essa carreira, que envolve muita pesquisa, trabalho em observatórios e planetários e, paralelamente, oferece o ensino em graduação e pós-graduação.
Intercâmbio
Na avaliação do presidente da Olaa, também coordenador da competição, olimpíadas organizadas por pessoas de diferentes sociedades científicas contribuem para por em contato, mesmo a distância, cientistas e pesquisadores com os professores do ensino médio. É o que ocorre na OBA, por exemplo, disse ele. O Brasil tem experiência de 18 anos da olimpíada nacional. A OBA é feita sempre no mês de maio e inclui alunos do ensino fundamental e médio. No ano passado, 837 mil estudantes de todo o país participaram do certame.
João Batista Canalle destacou que os alunos que participam dessas olimpíadas costumam se preparar previamente, como ocorre nas olimpíadas desportivas. “E o preparar para uma olimpíada científica é estudar, o que mais queremos que eles façam. O aluno vai ler um pouco mais, o professor vai ensinar um pouquinho mais, e nós, da OBA, procuramos colaborar com os professores, fornecendo material de estudo, porque sabemos que eles não são astrônomos. Damos sugestões de atividades de observação de dia e de noite. É como se fosse um estudo dirigido a distância entre os responsáveis pela organização da olimpíada e aqueles que ensinam os conteúdos”.
Segundo o astrônomo, o estreitamento de relações é benéfico para o professor, que trabalha melhor os conteúdos com seus alunos, ao mesmo tempo em que aproxima os estudantes das ciências. A participação em várias olimpíadas permite ao aluno se aprimorar a cada edição, como acontece em provas desportivas. “O aluno sempre sai ganhando quando está estudando um pouco mais”.
Outra equipe de cinco alunos do último ano do ensino médio defendeu o Brasil, em julho deste ano, na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astronáutica, disputada por mais de 400 estudantes de 42 países, na Indonésia. O Brasil obteve quatro menções honrosas.
De acordo com informação da assessoria de imprensa da Olaa, os alunos que participarão da disputa tiveram vários treinamentos. Eles estudaram com especialistas no Observatório Abrahão de Moraes, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo e aprenderam mais sobre a disciplina no Laboratório Nacional de Astrofísica, em Brazópolis (MG).
Feita desde 2009, a Olaa foi criada em Montevidéu, no Uruguai, por sugestão do Brasil.
Edição: Graça Adjuto Alana Gandra - Repórter da Agência Brasil
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