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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

PT exige o apoio do PMDB nas eleições municipais

Entrevista de Jorge Picciani a ‘O DIA’ leva petistas a rever aliança com partido de Paes
POR ANDRÉ ZAHAR

Rio - O PT rediscutirá as alianças com o PMDB no Rio para as eleições de prefeito em reuniões da executiva estadual, na próxima segunda-feira, e da direção nacional, no início de fevereiro. Lideranças do partido insistem em cobrar o apoio a seus candidatos como contrapartida à aliança para a reeleição de Eduardo Paes (PMDB) na capital e o apoio a mais de 30 pré-candidatos peemedebistas no interior.

A decisão do PT de tratar do assunto nas reuniões foi tomada ontem em função de declarações que o presidente do partido do prefeito no estado, Jorge Picciani, deu em entrevista publicada no domingo em O DIA. Na entrevista, o cacique descartou apoiar candidatos do PT em Niterói, Mesquita, Teresópolis, Petrópolis e Belford Roxo.

Membro da direção nacional do PT, Alberto Cantalice ressaltou a indicação do vereador Adilson Pires (PT) como vice na chapa de Paes: “Em 30 anos, nunca deixamos de ter candidato próprio na capital. Fizemos um gesto generoso, e esperamos o mesmo do PMDB. Vale lembrar que a eleição passada foi duríssima e, sem o apoio do PT e do ex-presidente Lula, Paes não tinha ganho.”

O presidente do diretório estadual do PT, Jorge Florêncio de Oliveira, divulgou nota alegando “profundo estranhamento” com as declarações de Picciani.

“Esperamos que o presidente do PMDB modifique o comportamento truculento e impróprio no trato com os aliados, que já lhe causou a derrota para o senado em 2010 e, mais uma vez, provoca uma situação constrangedora”, acrescenta a nota.

Florêncio diz que, nas duas ocasiões que falou com o governador Sérgio Cabral (PMDB), ele não estava em consonância com as posições de Picciani.

Picciani não comentou nesta segunda-feira a polêmica. Cabral também não quis se pronunciar.


Discussão vai parar no Twitter

A entrevista de Picciani repercutiu na internet. No Twitter, o deputado federal Edson Santos (PT-RJ) disse que o conteúdo das declarações é “inaceitável” e afirmou: “Na mesma medida em que o PT se dispõe a apoiar o candidato do PMDB na capital, seria de se esperar que o PMDB retribuísse em cidades importantes para o PT, como Maricá, Petrópolis e, principalmente, Niterói, onde o PMDB não tem um candidato competitivo.”

Em seu blog, o deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) disse que “Picciani não se conforma em não estar mais no centro das decisões”. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) criticou sua “arrogância”, e o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) o comparou ao rei francês Luís XIV, absolutista.

Em Niterói, escolha é adiada

A reunião do diretório municipal do PT de Niterói que discutiria na noite desta segunda-feira a escolha do candidato a prefeito foi adiada. Os pré-candidatos — o secretário estadual de Assistência Social, Rodrigo Neves, e o deputado federal Chico D’Angelo — ainda não chegaram a um acordo, o que pode levar a prévia (eleição direta) ou a encontro (votação por delegados).

Coordenador da pré-campanha de Neves, o vereador Waldeck Carneiro disse que, ao longo da semana, o presidente nacional da sigla, Rui Falcão, pode entrar nas negociações.

D’Angelo negou a informação dada por Waldeck de que a suspensão tinha sido pedida pelo PT nacional: “O Rui Falcão está de férias, incomunicável. Só retorna amanhã (terça-feira)”.

Na entrevista de domingo, Picciani contrariou o PT e disse que o PMDB apoiará a reeleição de Jorge Roberto Silveira. Chamado de “puxa saco”, Neves não polemizou: “Eu o respeito, apesar de eventuais diferenças de ponto de vista.”

Fonte: O DIA

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