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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Risco é China preferir política monetária a revisar fundamentos

A derrocada épica do mercado de ações da China na semana passada dá a impressão de que Pequim pode ter desistido de tentar sustentar o mercado ou está ao menos recuando para posteriormente defender um nível inferior. A questão é: o que o governo vai fazer com todos os ativos que comprou?

Ao contrário dos resgates dos EUA de 2008 e 2009, a China está na posição nada invejável de ter comprado perto do topo das ações, e não do piso. Conseguir lucro com seus investimentos parece improvável, com o mercado até agora abaixo do nível observado quando boa parte das compras ocorreu.

Se o grupo de entidades de resgate conhecido como o "time da seleção" - bancos, corretoras, fundos de pensão e as agências governamentais - está pisando de lado, parece provável que seus ativos vão cair ainda mais em valor. O Shanghai Composite Index negociou em um intervalo entre 2000 e 2400 pontos durante os três anos antes de a bolha ser formada. O retorno para esse intervalo representaria outra queda de 20% em relação às mínimas recentes.

Pequim vai precisar avaliar formas de lidar com essas perdas, para que não tenham peso ainda maior sobre uma economia que já está diminuindo. Não há um número oficial sobre o quanto o governo já gastou no resgate. No início de agosto, o Goldman Sachs calculou esse valor em até 900 bilhões de yuans (US$ 141 bilhões), com capacidade para um desembolso total de 2 trilhões de yuans.

Considerando empresas estatais que foram obrigados a recomprar ações, o montante pode chegar a 3,5 trilhões, de acordo com os investidores.

As perdas de cerca de 40% sobre as compras seriam de 1,4 trilhões de yuans, distribuídos entre as várias partes. Há uma quantidade adicional com os bancos, que haviam emprestado recursos garantidos por ações. Enquanto os bancos não devem ter perdas reais, porque os empréstimos foram integralmente garantidos, eles podem ser impedidos de vender as ações que tomaram como garantia, o que poderia afetar empréstimos.

O governo central administra um déficit do orçamento de cerca de 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e a relação dívida/PIB é inferior a 20%. Mas este não é o quadro completo. O Fundo Monetário Internacional estima que o déficit orçamentário da China "aumentado", que leva em conta o endividamento do governo local, está mais perto de 10% ao ano. A relação entre a dívida pública aumentada e o PIB atingirá 60% neste ano. Em 2011, esse porcentual era de 47%.

Não existe um nível absoluto no qual os governos esgotam a sua capacidade de endividamento, como pode ser visto no exemplo do Japão.

O envolvimento do banco central na "limpeza", no entanto, levanta outro risco. O de que a China imite o Ocidente na dependência da política monetária para ajudar a economia, quando são necessárias revisões de fundamentos.

Se Pequim se rendeu totalmente ao mercado de ações é difícil dizer. O governo chinês pode decidir manter as despesas pelo menos até a margem dos empréstimos usados para alimentar a bolha ser afetada. Pequim tem feito progressos, mas, em algum momento, provavelmente vai perceber a futilidade do projeto. Quando o resgate se encerrar, a limpeza terá de começar.

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