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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Em depoimento na PF, Renan nega ter recebido propina de esquema de corrupção


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou, em depoimento prestado à Policia Federal (PF) no dia 31 de agosto, ter recebido propina do esquema de corrupção investigado na Operação Lava Jato. A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Renan responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) junto com o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE).
Na oitiva, o senador considerou absurdas as acusações do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de que teria tratado de comissionamento sobre contratos da Diretoria de Abastecimento da empresa. O parlamentar disse aos delegados que, se tivesse conhecimento dos fatos, teria "tomado as providências cabíveis".
Renan negou conhecer o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, acusado pela PF de ser o operador financeiro do PMDB no esquema. Baiano está preso na carceragem da PF em Curitiba e assinou acordo de delação premiada com os investigadores nesta semana.
Sobre as acusações de Paulo Roberto Costa, o senador disse acreditar que possam ter sido feitas a pedido de alguém, mas ressaltou que não tinha condições de dizer quem poderia ter influenciado o ex-diretor da Petrobras.
Em julho, em depoimento perante o juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor da estatal disse que Renan tinha um “representante” que negociou propina com ele. "O senador Renan Calheiros era um dos que davam sustentação política. Com ele [Renan], não [negociou propina]. Mas ele tinha um representante, um deputado, Aníbal Gomes, que, algumas vezes, negociou comigo. O senador Renan Calheiros nunca participou de nenhuma reunião com empreiteiros, mas o Aníbal Gomes, sim”, declarou Paulo Roberto Costa à época.
Na oitiva, Renan disse que sua relação com Aníbal Gomes era protocolar e que, nos encontros que teve com o deputado, eram tratadas questões partidárias.
Renan informou que conheceu Costa por volta de 2009 ou 2010 em um almoço em sua residência particular, onde também  estavam o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), atual ministro do Turismo. O presidente do Senado afirmou que Aníbal Gomes levou Costa à sua casa, sem agendamento prévio, para pedir apoio para assumir a Diretoria de Exploração da Petrobras. De acordo com Renan, na ocasião, Costa foi informado de que não teria apoio.
“Que não recorda qual dos presentes disse a Paulo Roberto Costa que o pedido de apoio não poderia ser atendido; que o pedido de Paulo Roberto Costa era impraticável, uma vez que ele já ocupava a Diretoria de Abastecimento e também porque a diretoria que ele pleiteava foi uma indicação do PT; e que, além disso, Paulo Roberto Costa era apoiado pelo PP, partido corn o qual o declarante tinha disputas políticas em seu estado natal”, prossegue Renan no depoimento.
À Polícia Federal, no dia 27 de agosto, o deputado Aníbal Gomes declarou que tinha uma relação cordial com Paulo Roberto Costa, que pediu a ele apoio para não ser destituído do cargo, em função de um período em que ficou afastado por motivo de doença. O parlamentar negou ter recebido propina e disse que as declarações de Costa são uma retaliação pelo fato de o PMDB não ter o ter apoiado.
Aos delegados, Gomes também disse que sabe não explicar sua evolução patrimonial desde 2006, que poderia ser justificada pelo contador. “Indagado a respeito de sua evolução patrimonial, se comparadas as declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral nas anos de 2006, no valor de menos de R$ 300 mil e de 2010, no valor de R$ 6,8 milhões, o declarante afirma que não sabe explicar tal evolução e que pediu a seu contador, conhecido por Tim, que apresentasse uma justificativa para a evolução patrimonial constatada a partir das duas declarações.'

Edição: Nádia Franco  André Richter – Repórter da Agência Brasil

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